sábado, 25 de abril de 2009

O amigo - I



Por que é que passamos tanto tempo pensando e sofrendo por pessoas que não merecem a nossa companhia, e não temos tempo para estar com aquele amigo que nos faz passar momentos tão alegres? O ser humano é um bicho esquisito mesmo, e às vezes não muito racional, como nesse caso. Ou talvez o problema seja eu, que sou uma amiga desnaturada, mas estou tentando melhorar.

Eu não tenho muitos amigos, embora mantenha uma relação cordial e superficial com muita gente no trabalho, na vizinhança e na academia. Apesar de passar momentos agradáveis com essas pessoas, sempre mantive uma distância de todas elas. Converso sobre o trabalho, o clima, uma receita gostosa que apareceu na televisão, as notícias, tiro uma brincadeira e até falo de mim e da minha família, mas só por alto, assim como também evito me envolver com a vida dessas pessoas. Mas tenho alguns poucos e bons amigos, que ouvem meus problemas e paranóias, me vêem chorar e me aconselham. Hoje quero falar sobre um deles em especial, P., que não via desde o ano passado.

A gente se encontrou por acaso no último sábado numa livraria. Aí veio aquelas cobranças de sempre: "Você nunca mais me ligou!", "Pois é, você também não", e também abraço e beijos afetuosos. Conversamos sobre livros e por causa dele eu comprei A revolução dos bichos, de George Orwell, e eu recomendei Os filhos da meia-noite, de Salman Rushdie, que não tinha na loja. Como ambos tínhamos assuntos diferentes para resolver, marcamos de nos encontrar mais tarde, em um barzinho próximo à casa onde ele mora.

No final da tarde, quando nos reencontramos, ele cheirava a cravo e tinha os cabelos ainda molhados. P. já sabia do fim do meu namoro com Diana e me disse que a encontrou junto de umas pessoas bem diferentes das quais costumávamos andar. Entre as histórias ilárias que ele relata, contei pra ele como foi que tudo acabou e de como tenho oscilado entre a solidão e a liberdade.

A conversa aos poucos mudou de rumo e chegou ao tema sexual. Ele perguntou se sou mesmo "100% lésbica", aí eu expliquei pra ele que desde que conheci Diana não me relacionei com outros homens. No decorrer do papo percebi que ele estava a fim de transar comigo. Realmente ele foi chegando pelas beiradas até que perguntou se eu não sentia mesmo tesão por homem.

-Não sei. Você está a fim de me testar? - falei.

Ele ficou sem jeito, mas disse que já havia "imaginado" estar entre Diana e eu numa cama. Foi logo explicando que não era uma fantasia marchista:

- Não é que eu queira mostrar que sou o fodão, capaz de satisfazer duas mulheres ao mesmo tempo e ainda convencer duas lésbicas a gostarem de homem. É que acho mesmo muito excitante duas mulheres se pegando, e você e Diana são tão lindas... não pude resistir.

- Mas você não me respondeu, quer me testar ou não?

Ele botou uns olhões arregalados para cima de mim e perguntou o que eu estava realmente propondo para ele. Eu respondi que a fantasia que incluía Diana estava um pouco difícil de acontecer, mas eu estava ali.

Ambos estamos disponíveis, por que não? Tanto ele quanto eu estávamos cientes dos nossos sentimentos um pelo outro, então partimos para um motel. E não é que na hora fiquei tímida? Estava excitada mas não sabia o que fazer. Quando fechei a porta da suíte, ficamos alguns constrangedores segundos nos olhando em silêncio até que eu disse que gostaria de tomar uma chuveirada antes, e segui para o banheiro.

Eu já estava quase arrependida de ter ido para lá. Entrei no chuveiro de costas para o janelão que dava para o quarto, por isso não percebi quando ele se aproximou. Nu, P. entrou de repente no banheiro, me empurrou contra a parede. Segurou com força a minha nuca enquanto me dava um chupão no pescoço, com a outra mão, foi invadindo o meu clitoris. No susto, tentei até me desvencilhar, mas então o tesão tomou conta de mim.

Segurei o rosto dele em frente ao meu e lhe beijei na boca. Ele continuou batendo uma siririca um pouco desajeitada, mas eu sentia crescer o pau dele pressionado contra minha barriga - ele é uns 10 centímetros mais alto que eu. Segurei sua mão e mostrei para ele como gosto de ser tocada, com dois dedos massageando o clitoris com movimentos circulares com uma pressão não muito forte. P. aprendeu direitinho e percebeu pelos meus gemidos o momento em que tinha que movimentar os dedos mais rápido e com mais força. O orgasmo me tirou o fôlego, mas mesmo assim peguei sua mão e lambi o mel nos seus dedos, depois o beijei na boca para compartilhar o sabor.

Enxugamos nossos corpos e fomos para a cama. Vendo aquele pau duro na minha frente, a minha primeira vontade foi de chupar, mas P. não deu tempo. Ele pensou que como fazia tempo que eu não transava com um homem, ele tinha que "caprichar" nas preliminares para evitar que eu desistisse no meio do caminho, como me contou depois. Fez com que eu deitasse estendida sobre a cama e me beijou. Seus beijos continuaram pelo meu queixo e pescoço. Com as duas mãos, ele juntou meus seios e lambeu o vale formado entre eles.

Colocou os dedos na entrada da minha boceta e depois levou-os à boca. Voltou a esfregar meu clitoris enquanto sugava meus seios, um após o outro. Percebendo a minha excitação, começou a foder minha boceta com o dedo. Quando eu estava quase gozando pedi para ele me penetrar. Ele logo botou a camisinha, e eu falei que queria sentar no cacete dele. P. se recostou nos travesseiros e eu me ajoelhei de frente com cada perna de um lado do corpo dele. Botei o cacete na entrada da minha boceta e desci devagar, sentindo centímetro a centímetro o pau invadir meu corpo.

Comecei a fazer os movimentos de sobe-desce lentamente, enquanto com uma das mãos eu estimulava o meu clitoris. Num primeiro momento, P. ficou apenas "assistindo", mas pouco depois me segurou pela cintura e começou a fazer movimentos fortes. Eu me inclinei para a frente e deixei meus seios ao alcance de sua boca. Coloquei-me de quatro e ele começou a meter, enquanto eu batia uma siririca. Gozei sentindo as mãos dele me puxando pelo quadril. Nessa mesma posição, ele continou metendo até gozar.

Ele deitou ao meu lado e me beijou. Mesmo exausto, passou as mãos em meus cabelos e perguntou se havia me desapontado. Respondi que foi ótimo e me aconcheguei no peito dele. Fiquei ouvindo seu coração recuperar o fôlego enquanto ele me fazia cafuné.

* * *

Continua...

2 comentários:

Dando a Bunda pra Bater disse...

Queremos o que não podemos ter (ou não nos merece) e deixamos de lado pessoas que nos são muito caras (ou pelo menos deveriam ser valorizadas).

Somos estranhos.

Beijos.

Enfil

Anônimo disse...

Bárbara, querida, que delícia de história. Hoje vi teu blog acompanhado "dela", adoramos!!! Como de costume, suas palavras e histórias são excelentes, tanto pela escrita, quanto pela maneira como conduz sua vida, cheia de coragem e lirismo. Estou aqui todo curioso pra ler a continuação... ;) Grato por visitar o espaço, sempre!