domingo, 5 de abril de 2009

Resposta


(Tamara de Lempicka)


Eu gostaria de responder diretamente ao destinatário, um nobre e católico (digo isso sem ironia) advogado, que fez uma análise pessoal sobre este blog e as histórias que contei aqui. Mas como o comentário dele não veio com endereço para que eu pudesse mandar a resposta, e como no próprio texto ele deixa entrever que posso divulgar suas palavras, então resolvi usar esse espaço para responder ao que ele disse sobre o BIL.

Para entender a história toda: recentemente fiz um comentário no blog do advogado, em que ele opina sobre política local e nacional, e a partir daí ele visitou o meu e fez as considerações a seguir.

Bárbara, li o seu blog com atenção. Não é recomendado para menores de 18 anos, é certo; tampouco para quem está na quaresma e deseja se santificar. Mas o seu texto é muito bem escrito, sem dúvida. Muito bom gosto, sensualidade, criatividade... Parabéns. Você não está se desnudando, mas a personagem que você criou para a internet - e pouco importa que sejam suas as experiências vividas, elas se apresentam por meio de uma personagem que lhe encobre a face e as vergonhas todas - lhe mostra em belas e tórridas cenas. Há uma mulher em chamas. Há também uma mulher carente, profundamente carente. Bem, esse e-mail é de caráter pessoal. Mas você faz o que quiser com ele. Preferia que ficasse só para você, mas ao apertar o enter, foi ele para o mundo, como dizia a poesia de Pessoa. Pertence agora à destinatária.

Antes de qualquer coisa, preciso dizer que considero que toda crítica é construtiva, com exceção daquelas que tem o objetivo de depreciar aquele que é criticado. Assim, apesar de não concordar com tudo do que está escrito aí acima, agradeço pelas palavras do advogado. Se ele se deu ao trabalho de comentar o que achou do blog, é porque ele sentiu algum tipo de afeto (bom ou mau) por mim, então meu agradecimento é a mínima retribuição que posso oferecer, afinal ninguém se dá ao trabalho de ler algo que considera pouco interessante ou simplesmente insensato, não é mesmo?

Ele tem razão quando fala que não é recomendável que menores de 18 anos leiam o que tem aqui. No banner do Blogger, no alto da página tem o link Sinalizar blog, em que qualquer leitor pode clicar para classificar o blog como impróprio. Quando comecei a fazer relatos picantes, sabia que a qualquer hora, quando fosse entrar na página, estaria o aviso lá, dando a opção para a pessoa entrar ou não na página. Bem, até agora ninguém clicou. Mesmo assim vou colocar um aviso na parte superior do blog.

Novamente entro na discussão do anonimato, esse pseudônimo que criei tem sim a finalidade de esconder a minha face no mundo real, em compensação, mesmo assim estou me desnudando. Com o nome de Bárbara, posso dizer o que não falaria de jeito nenhum como ****. Mas quem não cometeu atos, ou apenas desejou coisas inconfessáveis? Este blog é meu diário, como tantos outros que já cultivei, e fico lisonjeada quando qualificam como bem escrito e de bom gosto. Nem todos acreditam na veracidade do que é dito aqui, acho que por não conhecerem o meu rosto, mas eu não posso pegar ninguém pelo ombro e dizer: é verdade, viu? Cada pessoa acredita no que lhe apetece.

Não se trata de simples pudor, mas é muito difícil ser diferente. O que muita gente qualifica como doença, safadeza, falta de caráter ou promiscuidade, na verdade é algo normal, e é isso que tento mostrar quando escrevo relatos tórridos. Assim como um homem e uma mulher se apaixonam e se amam, pode acontecer o mesmo com duas mulheres, ou dois homens, mesmo que seja contra a natureza ou religião. Embora a pessoa possa optar se vivencia ou não uma paixão homossexual, não pode simplesmente optar por não sentir essa paixão pela pessoa do mesmo sexo. Isso independe da vontade.

Se sou carente de valores morais... bem, creio que meu modo de pensar ou agir não prejudica ninguém. Preciso sim sentir que sou uma boa pessoa – por isso fico contente com a atenção dos leitores desse blog – apesar de ser “diferente” do que a sociedade prega como normal. De amor eu sou carente. É triste a pessoa ir deitar toda a noite e levantar toda a manhã sem ter uma paixão que conduza sua vida. Sinto falta de um afago na hora de dormir, da alegria espontânea só por estar próximo da pessoa amada e de saber que sou fonte do sorriso de alguém.

Um comentário:

Dando a Bunda pra Bater disse...

"Carente de valores morais"...
Forte isso, não?

Beijos,

Enfil