sábado, 29 de novembro de 2008

Bárbara na Ilha de Lesbos

Antes de qualquer coisa, preciso me apresentar. Não me chamo Bárbara nem estou (lógico) fisicamente na Ilha de Lesbos. Talvez depois eu conte meu nome verdadeiro, mas por enquanto vocês me conhecerão como Bárbara, como me batizou a minha Diana, desde que cantou pra mim a música homônima do Chico Buarque. A Diana, que vocês irão conhecer depois, é que me serviu de guia pelas águas mornas das sensações nunca antes sentida e me abriu os portais para Lesbos.

Com o que está dito aí em cima, vocês devem estar achando que eu sou lésbica. Pois bem, vocês estão errados e certos ao mesmo tempo. Nos meus trinta e poucos anos de vida só me relacionei com homens até conhecer Diana. Depois de conhecê-la, há dois anos e meio, tive ainda alguns relacionamentos com homens, que me deram prazer, mas como não eram Diana, não me levaram à plenitude. Nunca me apaixonei por outra mulher que não fosse Diana, por isso tenho dúvidas quanto à minha sexualidade. E quer saber, deveria não ser necessário ter certeza sobre isso.

É essa incerteza que me leva a esconder meu verdadeiro nome. Por mais que diga para mim mesma que não importa que juízo à sociedade faz de mim, não consigo me convencer que superarei os olhares hipócritas de pessoas que se dizem “pós-modernas”, e livres de preconceito, quando na verdade consideram inferior tudo aquilo que são diferentes deles mesmos. Sei que isso é muito mesquinho, mas ainda não estou preparada para isso.

Aqueles que são meus amigos, me reconhecerão nessas palavras. Não preciso de apresentação, embora não tenha nada de especial, nem beleza, nem inteligência, nem simpatia. Para os demais, posso dar algumas pistas: nasci numa cidadezinha do Rio Grande do Norte, onde estão alguns dos poucos (e bons) amigos e há seis anos trabalho e moro em Maceió, Alagoas. Ou seja, saí de um lugar onde as pessoas têm a consciência estreita e fui para outro também de pessoas com mentalidade também estreita.

Sei que alguns dos que me conhecem vão chiar com isso, mas em todas as pessoas que conheci mais intimamente descobri algo em comum: todo mundo possui um aspecto da personalidade que tenta esconder da sociedade; alguns tentam esconder até de si mesmos. Decidi começar esse blog exatamente por causa disso. Estou cansada de manter uma máscara, fingindo ser uma pessoa que não sou, só para não ser rechaçada por minhas escolhas. Quero me libertar.

Nenhum comentário: