domingo, 28 de junho de 2009

De olhos bem fechados


Quando meus olhos estão fechados, meu corpo se abre para outras sensações.

Eu nunca gostei de ficar no escuro - e esse é só um item da minha lista de medos bobos - até mesmo na hora de dormir, e nem com a cabeça coberta gosto de ficar. Então quando Diana propôs me amarrar na cama e me vendar, não fiquei muito empolgada. Esse lance de não ter controle sobre uma situação me deixa um pouco nervosa, tanto que para realizar essa fantasia, ela deixou que eu assumisse primeiro a condição de dominadora.

Isso aconteceu da outra vez e não lembro se já contei essa história aqui, mas na semana passada foi a vez dela de cobrar o outro lado da moeda, poder fazer o que quiser comigo sem eu enxergar ou poder reagir de qualquer forma. Eu não queria, mas Diana estava tão empolgada que não tive como dizer não.

Com uma echarpe, prendeu meus dois braços juntos na cabeceira e usou cintos para amarrar minhas pernas separadas nas laterais da cama. Nessa hora eu já havia ficado um pouco tensa, por isso ela não vendou meus olhos logo. Antes derramou um pouco de óleo de essência de sândalo e espalhou sobre meu corpo com as mãos. O toque escorregadio, a massagem em meus seios e as mordidinhas na orelha dissiparam a minha tensão em segundos. Diana aquecia as mãos esfregando uma na outra e depois deslizava-as no meu quadril, cintura e seios.

Encarando-me com olhos perversos, abaixou a cabeça e pude sentir sua língua tocar de leve meu clitoris. Meu corpo arrepiou. Ela voltou para me beijar a boca, compartilhando meu gosto. Diana sabia que a essa hora eu já estava completamente rendida. Só então pegou uma máscara de dormir e vendou meus olhos.

Ouvi seus passos se afastarem, mas apesar de ela avisar que já voltava, não pude deixar de ficar um pouco nervosa. Se ela fosse ao banheiro, levasse um escorregão e desmaiasse, o que seria de nós? Eu tentava olhar em volta por uma pequena fresta de luz que entrava pela máscara e forcei os braços, mas eles estavam bem presos, até demais.

Então senti algo molhado subindo pela minha barriga. A primeira reação foi um susto tremendo, mas era Diana, que havia voltado sem fazer barulho. Essa foi apenas a primeira de uma série de sensações. Num momento eu sentia cócegas nos pés ao mesmo tempo que sua língua passeava por minha orelha. Em outro parecia que centenas de mãos tocavam várias partes do meu corpo ao mesmo tempo.

Doce tortura. Suas unhas arranhavam minha cintura, seus cabelos pousavam sobre meu rosto e eu sentia sua língua em meus mamilos. Mesmo sem me tocar a boceta, gozei com as mordidinhas e lambidas em minha orelha. Logo depois sinto seus dedos em minha boca e quando eu lambo, surpresa, era o gosto dela e não o meu.

Diana colocou os seios em minha boca e foi descendo lentamente, enquanto eu sentia o cheiro de sua pele passando por cima de mim. Depois, quando seu corpo se aproximou mais do meu rosto, foi o cu que ela me ofereceu para degustar. Mas pouco tempo depois eu não podia mais, um vibrador encostado ao meu clitoris provocou espasmos em meu corpo. Nem bem recuperei o fôlego, ela cobriu minha boca e o nariz com sua boceta.

Eu estava fora de mim. Queria usar as mãos, queria envolvê-la com meu corpo, por isso foi torturante - dessa vez no mal sentido - não conseguir me mexer. Diana se deitou por cima de mim, e eu ouvia os gemidos de seu orgasmo. Ela então desatou minhas pernas de braços e eu ataquei. Joguei-a na cama e encaixei as minhas pernas entre as dela. Nossos púbis se beijaram, se confundiram, se esfregaram, até que juntas expandimos em gozo.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Cala a boca, Bárbara

(Gustave Courbet - The Sleepers)

Seria um fim de tarde esplendoroso, aquele sábado dia 30 de maio, se o barulho da cidade e suas pessoas não estragassem a paisagem. Ansiosa por nosso reencontro, cheguei meia hora adiantada. Sentei no nosso banco, onde tantas vezes tentávamos fechar os ouvidos (e o nariz) para a cidade e enxergar apenas a areia, o mar, o céu. Desde que Diana me visitou quando eu estava doente, as lembranças de nossos momentos passaram a ter outras cores, tudo estava envolto numa atmosfera de ternura. Cheguei a conclusão de que havia me apaixonado de novo quando senti uma mão fria me tocando o ombro. Diana deu a volta no banco e sentou-se ao meu lado. Depois de alguns segundos de silêncio e de olhar para o infinito, ela se virou para mim:

- Não seria bom que aqui fosse um lugar deserto agora? - disse sorrindo e estendendo os braços em minha direção. A frase era a mesma que eu ouvia em momentos especiais, mas o descompasso do seu coração que pude sentir durante o abraço era totalmente novo. Meu coração também acelerou e minhas lágrimas molharam seu ombro.

Ficamos um tempão conversando sobre banalidades. Elogiei seu novo corte de cabelo, bem moderno e diferente do cabelão comprido que ela tinha quando estávamos juntas. Ela falou que depois de nos separarmos, por várias noites sentia a sensação como se eu estivesse acariciando seus cabelos. Disse que assim como eu precisei tirar as almofadas da minha sala, ela precisou cortar os cabelos na tentativa de se desvencilhar.

Apesar de não nos tocarmos em público, havia eletricidade entre nós. Como dois imãs com pólos invertidos, nossos corpos ansiavam por se aproximarem, mas Diana soube conter seus impulsos. Às vezes, apenas tocávamos de leve na mão, e um arrepio percorria todo o meu corpo.

Conversamos sobre nossos erros e sobre dar uma nova chance. Ela disse que se sentia sufocada e como se já não tivesse mais as rédeas de sua vida. Eu falei de minha frustração, por achar que ela não gostava tanto de mim quanto eu merecia. No caminho para o meu apartamento, chegamos à conclusão que o maior erro de todos foi morar juntas, não estávamos preparadas para isso.

Não lembro sobre o que eu falava quando chegamos ao apartamento. Mas eu dizia alguma coisa enquanto passava a chave na porta.

- Cala a boca, Bárbara! (bem assim, usando Bárbara, ao invés de meu nome "real") - e eu esqueci de tudo.

Ela sabe dos caminhos dessa minha terra *
No meu corpo se escondeu, minhas matas percorreu
Os meus rios, os meus braços
Ela é minha guerreira nos colchões de terra
Nas bandeiras, bons lençois
Nas trincheiras quantos ais - ai!

Cala a boca - olha o fogo!
Cala a boca - olha a relva!
Cala a boca, Bárbara

Num segundo, nossas bocas e nossos corpos estavam colados. O interruptor da razão desligou e eu era apenas pele... e arrepio.

No momento seguinte nossas roupas estavam no chão e meu corpo estava sobre o dela, em cima do sofá. Com as pernas entrelaçadas, eu ondulava os quadris, enquanto sentia suas mãos deslizarem sobre meu corpo e seus dedos procurarem meu cu. Nossos mamilos entumescidos se tocavam e enquanto eu lambia a orelha dela e bebia seu perfume. Suspirava em seu ouvido, dava mordidinhas no lóbulo e lambia o contorno de baixo para cima, sentindo ainda o gosto de seu perfume. A aceleração dos movimentos de sua pelve e as unhas mais enterradas na minha pele era um prenúncio. Na confusão de braços, pernas, fluidos, saliva, nossas almas derreteram.

E a noite estava apenas começando.

É engraçado o sexo entre a gente. Parece que quanto mais sacia, mais fome dá. Fomos para debaixo do chuveiro que esquentou ainda mais o clima. Diana me segurou com firmeza contra os azulejos, e de seu corpo escorria em mim a água quente do chuveiro. Ela me deu um beijo louco, sugando minha língua, mordiscando meus lábios e lambendo na direção do meu pescoço.

Derramei sabonete sobre meu corpo e me esfreguei nela para ensaboar. Friccionava com força os dedos no seu clitoris, arrancando espasmos do seu corpo. Virei-a de costas para mim e continuei me esfregando em nela. Enchia uma de minhas mãos com seu seio enquanto os outros dedos a penetravam, até que ela gozou em minha mão e com a cabeça encostada sobre meu ombro.

Diana então fez o mesmo comigo. Usou mais sabonete para se esfregou em mim. Colocou-me encostada contra a parede e me alucinou usando os dedos, enquanto me olhava diretamente nos olhos. Seus dedos mexiam sem regra sobre meu clitoris, enquanto a outra mão tentava alcançar meu cu. O orgasmo veio de maneira tão violenta que me senti no limiar de desmaiar, de morrer, sei lá. Tive de tirar sua mão de entre minhas pernas à força para poder recobrar o fôlego.

Ela sabe dos segredos que ninguém ensina
Onde guardo meu prazer, em que pântanos beber
As vazantes, as correntes
Nos colchões de ferro ela é minha parceira
Nas campanhas, nos currais
Nas entranhas, quantos ais - ai!

Cala a boca - olha a noite!
Cala a boca - olha o frio!
Cala a boca, Bárbara

Quando estávamos saindo do banho, a comida chinesa chegou. Diana puxou minha toalha, me deixando nua na sala e disse para eu ir atender a porta. É uma fantasia minha, atender nua um entregador de comida. Não para fazer alguma "coisa". Só para ficar olhando para a cara dele enquanto eu agia com naturalidade. Nunca tive coragem para fazer isso e há alguns meses passamos a ter mais um porteiro no horário noturno, então normalmente é um deles que vem trazer as encomendas. Peguei o roupão e fui receber a comida.

Depois de jantar fomos para a cama. A televisão ligada sequer recebeu a nossa atenção. A minha fome de Diana não parecia ter fim. Voltamos a nos beijar com sofreguidão e logo já estávamos nuas novamente. Ela deitou do lado contrário da cama, de lado, oferecendo sua coxa como apoio, fiz o mesmo que ela, e um 69 delicioso coroou e nossa noite.

Foi duro e ao mesmo tempo foi muito legal vê-la indo embora depois de tudo isso. Eu queria acordar no dia seguinte com ela, mas ela insistiu em ir embora, "para o bem de nossa relação". Fiquei feliz.

* * *
A canção é de autoria de Chico Buarque e Rui Guerra, os grifos são meus e indicam a mudança nos pronomes (na canção eles são masculinos)

Perdão

Desculpa mais um sumiço - acho que vocês já estão meio acostumados com isso, não é?

Mas dessa vez a culpa foi da internet porcaria que eu tinha aqui em casa, que vivia caindo e me tirava a paciência. Cancelei a assinatura e só depois fui em busca de outra que oferecesse um serviço melhor, acessando a web apenas do trabalho.

Daqui para a frente não tenho mais desculpa para ficar longe do blog. Se as postagens demorarem, a culpa será totalmente minha mesmo, ou da preguiça que tenta me puxar de volta para a cama em manhãs chuvosas como esta.

Mais tarde tem um post novinho falando sobre uma novidade antiga: Diana e eu reatamos, e isso foi há quase duas semanas. Eu já havia escrito alguma coisa enquanto estava offline, mas preciso dar uma olhada no texto de novo para não escorregar no português. Já expulsei a preguiça da cama e vou fazer isso agora.

Volto já.

PS: amigas e amigos que aguardam respostas de mensagens enviadas para meu e-mail. As respostas virão em seguida do próximo post.