domingo, 30 de novembro de 2008

Bárbara & Diana

(23 de agosto de 2006)
"Minha gêmea, minha alma, sei que você é arredia à declarações precipitadas, que “amor não se fala, se cala com um beijo”, como você gosta de dizer. Mas hoje estava lendo O Banquete, de Sócrates, escrito por Platão. Nesse diálogo, Sócrates dá uma definição de amor: olhar nos olhos do outro e ver sua própria imagem refletida. A interpretação dada por ... a essa sentença é de que através do outro nos vemos como pessoas melhores do que realmente somos, como se a visão apaixonada do outro fosse a nossa própria. Assim, não existe amor que não seja correspondido. Então, mesmo que você não me diga nada nem me cale com um beijo (como sonho com isso!) sei que você me ama, porque o meu amor por você não tem tamanho."

(19 de setembro de 2006)
"As suas palavras iluminaram o meu dia. Se soubesse, antes de encontrar com você, que ontem seria um dia tão especial, nem sei o que faria. Ah, Bárbara, minha Bárbara... 'vamos ceder enfim à tentação das nossas bocas cruas/ e mergulhar no poço escuro de nós duas'. Lembro e relembro os momentos que passamos juntas. Nunca um simples tocar de mão teve tanto significado pra mim. (...) Sentir suas mãos sobre as minhas e o seu olhar de ternura me dá força para enfrentar tudo, desde que esteja ao seu lado."

(22 de dezembro de 2006)
"Bárbara minha, a distância entre nós me faz viver o lado terrível do amor. Não queria admitir, mas estou com ciúmes de você. Fui eu mesma que te deu força para que nessas férias você reservasse alguns dias para visitar sua família, mesmo sabendo que você não me levaria junto. Compreendo que você não está preparada para me apresentar aos seus pais (...) só que fico insegura por saber que, mais do que nunca, você está perto de pessoas do seu passado. (...) Tenho medo que você não queira mais voltar pra mim. (...) Desculpa tudo aquilo que te falei, não fique chateada comigo, foi tudo por ciúmes, por favor atenda as minhas ligações. Preciso falar com você, urgente. Assim que você ler essa mensagem, ligue pra mim. Não importa que horas sejam do dia ou da noite. Preciso ouvir você dizer: serei sempre sua Bárbara. Ligue logo, por favor. Desde agora estou te esperando."

(04 de fevereiro de 2007)
"Não posso deixar de sentir que você sente vergonha de mim. Como desde o começo prometemos uma a outra que a honestidade e sinceridade viriam acima de tudo, estaria sendo falsa com você se escondesse o meu desconforto. Estou muito chateada por ter respondido ao ... que está solteira e que não pretende se amarrar a ninguém. Então, eu sou o quê? Vi a maneira como ele ficou olhando pra você depois que disse aquilo e tenho certeza que depois ele vai te convidar pra sair. Já não basta ter que guardar segredo de todo mundo sobre nós, de acariciar sorrateiramente a sua mão quando a minha vontade é de te beijar na boca? Você não precisava mentir dizendo que está disponível, ou será que está e eu não sei?"

(14 de junho de 2007)
"Mal vejo a hora de sair da cidade grande e ter você em meus braços. Estou planejando nosso fim de semana com todo o carinho, para que tudo saia perfeito. A cidade de ... é pouca coisa além de uma vila de pescadores, com certeza não encontraremos nenhuma pessoa conhecida. Poderemos andar de mãos dadas e dormir no mesmo quarto. Ninguém vai achar que somos mais do que boas amigas (...) Quero sua face rosada e o seu corpo bronzeado. Vou percorrer com a língua toda as linhas da marquinha do sei biquini (...)"

(02 de novembro de 2007)
"Quero te fazer uma proposta indecente: vamos fugir no próximo fim de semana! Vamos dar uma de turistas e nos hospesdar num hotel caro, numa suíte de frente para o mar. Quero fazer amor contigo sob o luar e colher com a boca a espuma das ondas de seu gozo. Só de pensar nisso, já sinto as ondas se formarem em meu íntimo. Sua Diana está sedenta do seu amor."

Eis alguns trechos de mensagens que recebi, via menseger, telefone ou e-mail. Essas fraes enchem meu coração de ternura e paixão, por isso quis dividi-las com vocês.

sábado, 29 de novembro de 2008

A Bárbara do Chico - I

"Duas Mulheres Correndo" - Pablo Picasso

(Diana) Bárbara, Bárbara
Nunca é tarde, nunca é demais
Onde estou, onde estás
Meu amor, vem me buscar

(Bárbara) O meu destino é caminhar assim
Desesperada e nua
Sabendo que no fim da noite serei tua

(Diana) Deixa eu te proteger do mal, dos medos e da chuva
Acumulando de prazeres teu leito de viúva

(As duas) Bárbara, Bárbara
Nunca é tarde, nunca é demais
Onde estou, onde estás
Meu amor vem me buscar

(Diana) Vamos ceder enfim à tentação das nossas bocas cruas
E mergulhar no poço escuro de nós duas

(Bárbara) Vamos viver agonizando uma paixão vadia
Maravilhosa e transbordante, feito uma hemorragia

(As duas) Bárbara, Bárbara
Nunca é tarde, nunca é demais
Onde estou, onde estás
Meu amor vem me buscar

(Chico Buarque e Ruy Guerra -1972, para a peça Calabar)

* Nessa peça, quem contracena com Bárbara é Anna, sua amante, mas eu troquei o nome por Diana porque em dias belos ela pega o violão e cantamos juntas essa música. Há também outra música do Chico que também fala de Bárbara, mas ela vai ficar pra depois.

Bárbara na Ilha de Lesbos

Antes de qualquer coisa, preciso me apresentar. Não me chamo Bárbara nem estou (lógico) fisicamente na Ilha de Lesbos. Talvez depois eu conte meu nome verdadeiro, mas por enquanto vocês me conhecerão como Bárbara, como me batizou a minha Diana, desde que cantou pra mim a música homônima do Chico Buarque. A Diana, que vocês irão conhecer depois, é que me serviu de guia pelas águas mornas das sensações nunca antes sentida e me abriu os portais para Lesbos.

Com o que está dito aí em cima, vocês devem estar achando que eu sou lésbica. Pois bem, vocês estão errados e certos ao mesmo tempo. Nos meus trinta e poucos anos de vida só me relacionei com homens até conhecer Diana. Depois de conhecê-la, há dois anos e meio, tive ainda alguns relacionamentos com homens, que me deram prazer, mas como não eram Diana, não me levaram à plenitude. Nunca me apaixonei por outra mulher que não fosse Diana, por isso tenho dúvidas quanto à minha sexualidade. E quer saber, deveria não ser necessário ter certeza sobre isso.

É essa incerteza que me leva a esconder meu verdadeiro nome. Por mais que diga para mim mesma que não importa que juízo à sociedade faz de mim, não consigo me convencer que superarei os olhares hipócritas de pessoas que se dizem “pós-modernas”, e livres de preconceito, quando na verdade consideram inferior tudo aquilo que são diferentes deles mesmos. Sei que isso é muito mesquinho, mas ainda não estou preparada para isso.

Aqueles que são meus amigos, me reconhecerão nessas palavras. Não preciso de apresentação, embora não tenha nada de especial, nem beleza, nem inteligência, nem simpatia. Para os demais, posso dar algumas pistas: nasci numa cidadezinha do Rio Grande do Norte, onde estão alguns dos poucos (e bons) amigos e há seis anos trabalho e moro em Maceió, Alagoas. Ou seja, saí de um lugar onde as pessoas têm a consciência estreita e fui para outro também de pessoas com mentalidade também estreita.

Sei que alguns dos que me conhecem vão chiar com isso, mas em todas as pessoas que conheci mais intimamente descobri algo em comum: todo mundo possui um aspecto da personalidade que tenta esconder da sociedade; alguns tentam esconder até de si mesmos. Decidi começar esse blog exatamente por causa disso. Estou cansada de manter uma máscara, fingindo ser uma pessoa que não sou, só para não ser rechaçada por minhas escolhas. Quero me libertar.